sexta-feira, 8 de julho de 2011

Para a porta da maternidade....







Chove.
Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.

Chove.
O céu dorme.
Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.

Chove.
Meu ser (quem sou) renego…
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.

Chove.
Nada apetece…
Não paira vento, não há céu que eu sinta.

Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.

Chove.
Nada em mim sente…


Fernando Pessoa


As crianças voltaram pra casa....estou triste e sozinha, a casa está um silêncio só....

Posted by Picasa

2 comentários:

Renata disse...

Lindo

Go Artes disse...

Oi Alice,
Tudo lindo!!! o porta maternidade e o TEXTO...Fernando Pessoa é o máximo mesmo.
Bom fim de semana,
Abraços
Gorete